Os Melhores Livros Clássicos que li em 2024

livros clássicos

Olá! Sê bem-vindo [à minha Biblioteca]… de novo.

Esta é a segunda parte do (tão esperado!!!) artigo sobre os melhores livros que li este ano. Neste, falarei sobre as melhores histórias Clássicas que li em 2024 e, como acredito que, continuarão a provocar impacto por muitos anos que passem.

Mais uma vez, escolhi 10 livros como os favoritos. Estes não estão organizados por grau de importância mas aparecem na ordem por que foram lidos.

the nutcracker

The Nutcracker por E.T.A. Hoffman

Em Janeiro de 2024 terminei “The Nutcracker”, versão de E.T.A. Hoffman da Dover Thrift Editions (aqueles livrinhos com preços muito em conta, de capas azuis, mas versões duvidosas… não é o primeiro em que encontro liberdades criativas não escritas no trabalho original).

Entretanto, descobri que este texto é uma das várias versões, e que há outras histórias derivadas… o próprio Alexandre Dumas escreveu neste universo, originando outras obras que ainda lemos hoje em dia.

Nesta obra, magia e fantasia são contadas como uma história dentro de outra. Quando as duas se cruzam, pensamos em quanto de fantasia poderia existir na realidade. Ao contrário do que esperava desta história, gostei bastante. Tanto que, um mês depois, ainda via referências por todo o lado. E, um ano depois, mantenho que me despertou a imaginação de formas inesperadas.

Este Natal fiz uma pequena cena alusiva na minha decoração de Natal, que partilho aqui:

the nutcracker
Diz que o Rei Rato não é lá muito ameaçador… é um fôfo! 

Incomodou-me a parte, na história, da menina ter 7 anos e, o autor achar que o seu casamento infantil é a chave da sua felicidade eterna. Sim, Hoffman viveu numa época social esquisita, e pertenceu ao movimento Romântico, mas não abusemos!

Quanto às descrições e ambiência é, sem dúvida, um conto de fadas maravilhoso que nos convida a sonhar. É um intrincado e surpreendente conto de Natal.

O Conde de Monte Cristo

O Conde de Monte Cristo de Alexandre Dumas

Esta é uma história de aventuras, escrita por um francês em colaboração com outros autores, e publicada, em formato boletim, ao longo de três anos.

Este enredo ocorre durante mais de duas décadas, tendo início no período em que Napoleão estava retirado do poder, e isolado na ilha de Elba. Acompanhamos a subsequente recuperação de poder e o restabelecimento de uma monarquia fragilizada. No meio destas traições políticas, conhecemos Edmond Dantès, um marinheiro jovem mas competente, que está prestes a chegar a Capitão do navio em que trabalha. Quando a inveja, a traição e a maldade humana o apanham, lançando-o numa prisão de onde nenhum prisioneiro sai pelo seu pé.

Inocente, Dantès mantém-se fiel à crença que o erro cometido pela justiça será reparado. Mas, os 14 anos de cativeiro apresentam-no ao desespero, e a um outro recluso que, lhe permitirá alterar-se de formas irreconhecíveis e mover o mundo em busca de vingança. Ele é o anjo reparador das maldades, cometidas pelos homens e, o leitor é aquele que aplaude cada um dos seus actos.

Este foi um instantâneo 5 estrelas… e, mais houvessem. Os sentimentos que agarram o leitor, logo desde as primeiras páginas são poderosos. A profunda injustiça, o sofrimento humano e a sensação de aventuras perigosas, mesmo entre as quatro paredes do cativeiro, são o combustível que inflama a nossa atenção.

Escrevi um artigo de opinião completo, que podem ler para saberem mais: Opinião: O Conde de Monte Cristo.

the handmaid's tale

The Handmaid’s Tale por Margaret Atwood.

Este é um clássico que sobreviverá à passagem do tempo. Se se atreverem a lê-lo compreenderão porque o afirmo.

Na opinião sobre esta obra, e na sua acutilância objectiva sobre a vida humana, escrevi: “O que temos é uma mulher que poderia ser uma qualquer de nós. E, por mais que ela se cruze com outras mulheres, em circunstâncias diferentes ou semelhantes às dela, a verdade é que, para todas elas a vida é feita da coragem de sobreviverem o dia-a-dia, tal como ele é…

Podem ler o artigo completo em Opinião “The Handmaid’s Tale” por Margaret Atwood.

E, se considerar a volta política que este mundo levou nos últimos dois anos, diria que este é um daqueles livros que nunca sairá de moda (infelizmente!).

Nesta história, acompanhamos uma vivência diária de mulheres que foram feitas escravas, sexuais, e não só, dos homens no poder. E, dos homens, que foram feitos escravos, a sua humanidade e cooperação com os ideais instituídos, das estruturas de poder.

Escrito de uma forma neutra e quase desinteressada, ou seja, a crítica e a assunção de moralidade não existem de formas expectáveis para o tema em questão, somos convidados a explorar o que acontece com a liberdade pessoal das nossas opiniões e pensamentos. Assim, a autora substitui a crítica pelo relato de acontecimentos, e confia no leitor para deslindar as suas mensagens.

Acredito que este é um livro que deveria ser lido por todos. Faria parte do pacote ‘utopias e distopias que provam a estupidez humana‘ e como podemos tentar evitá-las… enfim, recomendo (com muito ênfase) a leitura deste livro.

The Lord of The Rings

 

 

 

 

 

A trilogia “The Lord Of The Rings” por J.R.R. Tolkien

Esta foi uma releitura que estava a ser devida há uns tempos. E, apreciei-a de formas esperadas e inesperadas.

Adoro a forma de escrever de Tolkien. Sinto-a como um abraço quente num mundo, horrivelmente, violento. A cada releitura encontro perspectivas sobre os temas em que ainda não tinha ponderado. A dimensão das personagens é relacionável em tantas circunstâncias da vida, que sinto sempre que trago algo apreendido pela primeira vez. Há temas, sub-temas, e portais para outros mundos, em que reflicto, e os quais muito aprecio.

Peço-vos que leiam o artigo que escrevi sobre esta obra no artigo Opinião: “O Senhor dos Anéis” por J.R.R. Tolkien, onde começo por tentar perceber a minha incapacidade de escrever sobre esta obra, de uma forma que me agrade.

No entanto, recomendo Tolkien em qualquer momento e a qualquer hora do dia. E, sobre isto convido-vos a ver o filme Tolkien (2019), numa tentativa de explicação sobre a inspiração, e o processo criativo, que levou este homem a escrever desta forma… o que viveu que o ferisse assim?…

the white cat by D'Aulnoy

The White Cat da Comtesse Marie-Catherine D’Aulnoy

Em França, no tempo de Napoleão, havia uma moda em que os aristocratas escreviam pequenos contos, que depois liam nos jantares de festa em que participavam socialmente. Esta prática gerou um grande número de pequenas histórias que foram publicadas e, mais tarde, recuperadas por algumas pessoas interessadas nelas.

Existe uma colecção de livros antigos (em segunda-mão) que inclui estas histórias. São escritas em Francês, mas já se arranjam algumas traduções para Inglês, o que tem feito com que estes contos permaneçam no tempo para um público mais abrangente. ‘The White Cat” foi escrito num momento em que as Fadas como tema, era algo com um sucesso interessante nas festas dos aristocratas da época. Assim, muito se escreveu, e inventou, sobre estes seres. Muitas histórias há por aí que foram beber aos Clássicos destas épocas, e destas obras meio esquecidas no tempo.

No caso de ‘The White Cat’, podem encontrá-lo em vários formatos, e traduzido para Inglês. Recomendo, mais não seja, para alargarem horizontes. Pessoalmente, fiquei muito intrigada com esta história e com todo o movimento cultural de época que rodeava estas criações.

Alice no País das Maravilhas

As Aventuras de Alice no País das Maravilhas por Lewis Carroll

… com pinturas de Diogo Muñoz e Posfácio de Miguel Esteves Cardoso.

Esta edição é curiosa e, esta história volta a cativar-me. É uma releitura da história, mas não é uma releitura da mesma edição, pelo que a presente trouxe-me uma compreensão mais visual do absurdo, e as formas como outros criativos vêem o mesmo livro.

Alice está aborrecida no jardim, e senta-se a dormitar, enquanto a irmã lê um livro cheio de letras e sem gravuras. De repente, vê um coelho branco passar apressado e enfiar-se por uma toca adentro. Curioso é que o coelho estava vestido, consultava um relógio de bolso e falava.

E, assim, Alice segue-o e cai dentro da toca… que se transforma num túnel cheio de objectos nas paredes, que ela contempla ao ver a sua queda desacelerar na descida. A partir daqui, tudo se confunde ainda mais, num esbater de limites, cheio de contradições que desafiam a realidade.

Esta edição tem uma série de notas de rodapé, que ajudam a contextualizar algumas das piadas e trocadilhos efectuados, provenientes da época em que foram escritos e das referências culturais da altura, que é um bónus para quem a lê, tantos anos — e tantas referências — depois. Este é um livro que é sempre merecedor de uma visita.

pride and prejudice

Pride and Prejudice de Jane Austen

Um pequeno à parte: Em 2025, celebra-se os 250 anos do nascimento de Jane Austen. Ainda não sei o que farei para celebrar a ocasião. Logo partilharei sobre o que decidir.

Todos os anos, procuro reler pelo menos uma das obras de Jane Austen. 2024 viu a releitura de Orgulho e Preconceito, neste favorito que me acompanhará em anos vindouros. Continuo a manter que, este é um dos meus favoritos de Austen, muito bem acompanhado por Persuasão.

Foi P&P que deu origem à minha colecção Austen e relacionados. E, podem ler A minha história com ‘Orgulho e Preconceito’ noutro artigo.

Elizabeth Bennet é a segunda filha, de cinco, de um casal Inglês de sociedade, em decadência, e poucos meios económicos. Numa época em que, as raparigas de classe média/alta tinham como único propósito serem educadas para arranjarem o pretendente mais abastado que lhes fosse possível, com quem fosse vantajoso casar, esta história inicia-se de forma promissora.

Na Inglaterra Vitoriana, a propriedade era passada de pai para filhos homens, pelo que uma família só com filhas, que só podiam viver de serem sustentadas através de uma casamento com um homem numa posição social melhor que a delas, provoca uma necessidade premente de casar, pelo menos, uma delas de forma socialmente vantajosa.

O amor? Esse era um conceito ridículo. As raparigas não possuíam gerência sobre nenhum aspecto da sua vida, e isso incluía os afectos amorosos. Os casamentos por conveniência eram o mais sensato dos acontecimentos, e os artifícios sociais para que os fizessem acontecer eram a regra.

Mas, as filhas mais velhas dos Bennet, educadas de uma forma algo liberal para a época, e de temperamentos menos fixos na sua realidade social, não compreendem, e não sabem arquitectar a sua realidade, para obter a estabilidade que a sociedade requeria delas. Casar, para elas, seria por amor e nunca por benefício material.

Num contraponto crítico, duas das filhas mais jovens não possuem a visão romântica das irmãs mais velhas. Facto que, na ausência de orientação parental, que lhes impusesse respeito pelos costumes, as leva a agir de forma irresponsável e na antítese das irmãs mais velhas.

Quando os pretendentes vão surgindo na vida das cinco irmãs, as suas escolhas pessoais, vão determinar o futuro de toda a família… algo que era muito adequado à época. A reputação era determinante no sucesso da família em sociedade.

Elizabeth, educada em orgulho mal colocado, falha em reconhecer o amor, num casamento vantajoso, mesmo quando este aparece e a morde.

Assim como Darcy, o pretendente relutante de Elizabeth, que se digladia com todos os preconceitos de classe e estatuto… mesmo tendo-se apaixonado por Elizabeth, quase à primeira vista.

São os encontros e desencontros, as ideias preconcebidas e os sentimentos que fazem o leitor deliciar-se com esta história. Um favorito, dos meus, que não páro de recomendar.

Oscar Wilde

De Profundis por Oscar Wilde

Esta é uma carta de Oscar Wilde, enquanto estava preso, dirigida ao seu amante. O cárcere, que aconteceu na realidade, foi motivado pela existência dessa relação com um homem. Pois, numa época em que a homossexualidade era punida com prisão, e em alguns sítio, com a pena de morte, Wilde é apanhado na teia da lei, por contributo do seu amante e da família deste.

Em De Profundis, visitamos os momentos mais negros da relação entre Wilde, casado e pai de filhos, com um homem que tudo fez para viver à custa do escritor. Esta carta é um lamento, uma explicação de factos tal como Wilde os entendeu e, em última instância é um último pedido de misericórdia a um amante que o destruiu… e, que, mesmo assim, Wilde não consegue esquecer e abandonar.

Ouvi a carta lida, interpretada por Neil Bartlett… o actor chorou em certas partes e, eu também. Há ali coisas que são muito difíceis de ouvir, em especial quando nos relacionamos com certos tipos de traições pessoais. Saber que isto aconteceu e que, no meio dos horrores cometidos, Wilde continuava profundamente ligado a esta pessoa, que amou e protegeu, e que não merecia nada dele, nem sequer a explicação que lhe é dada nesta carta… é uma dor atroz. Sugiro esta leitura… em especial, a quem o amor já falhou. No final, compreendemos o quão parvos continuamos a ser, quando o sentimento era real apenas para uma das partes.

Oscar Wilde

The Ballad of the Reading Gaol por Oscar Wilde

Lembro-me tão bem de ler este poema pela primeira vez. Naquela altura, não estava ciente de tanta coisa sobre a vida deste autor. Mas, recordo-me, e revisito com frequência, aquelas linhas que mais ecoaram dentro de mim. Em 2024, fiz a releitura devida.

Neste poema, acompanhamos o cárcere, e os momentos em que a execução de um prisioneiro provoca danos. Nesta tentativa de racionalização da vivência prisional, e dos pormenores que marcam quem a vive. E, dizer que Wilde escreve de uma forma lírica e, musicalmente, bonita é dizer pouco. É encontrar aqueles pormenores que nos enchem a alma.

Little Women

Little Women de Louisa May Alcott

Uma releitura mas, desta vez, tirei o tempo para apreciá-la convenientemente.

Esta é a história da família March, quatro irmãs cheias de personalidade, nascidas numa família cuja riqueza desapareceu. Relegados à pobreza, a mãe das quatro meninas procura orientá-las no seu crescimento pessoal e emocional, enquanto o pai luta na Guerra Civil em Nova Inglaterra.

Começando no dia de Natal, enternecemo-nos logo ao início com a abnegação que é ensinada na família March. A forma como cada uma das filhas é uma lutadora por aquilo em que acredita é inspiradora. A espécie de adopção por amizade do miúdo do lado, sem qualquer interesse duvidoso faz-nos acreditar nos melhores valores pessoais. A superação de dificuldades, encontrando o apoio na família e nos que são considerados família, é enternecedor.

Este é um livro reconfortante, ideal para ler no Natal, cheio de neve e de conceitos tão diferentes daqueles, com que vivemos a época, na actualidade.

E, depois de conhecer um pouco mais da vida de Louisa May Alcott, encontrei um maior deslumbre do que havia conhecido nos meus contactos iniciais com a obra.

Concluindo…

Este foi o prometido os meus livros Clássicos Favoritos, lidos em 2024, no artigo Os Melhores Livros da Actualidade que li em 2024.

Mais uma vez, peço desculpa pelo comprimento deste… mais de 2500 palavras, de novo. Espero que descubram, ou redescubram, o prazer destas leituras em 2025. Por mim, sei que avanço para outros livros, mas nunca se acaba o espaço especial, no meu coração, para cada uma destas histórias.

Agradeço a atenção e, se leste até aqui, acredita que tu és o/a maior!

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