Lebowitz explica a minha fixação por Austen… em 6 minutos

Lebowitz e Austen

Olá! Sê bem-vindo a este [baú de curiosidades literárias].

Hoje, partilho convosco como Fran Lebowitz me explica a forma como Jane Austen me marcou de forma indelével. Algo que, eu sei ser uma verdade absoluta, mas que tenho dificuldade em verbalizar de forma satisfatória.

Ao longo dos anos, tenho partilhado aqui a minha viagem especial pela obra de Jane Austen. Nem todas as partes desta história são públicas (afinal, ninguém precisa saber quantas vezes me faço acompanhar de um audiolivro de Austen, só porque sim…) no entanto, não me pude impedir de escrever sobre Austen nos momentos mais importantes.

No início, em que — admito — não compreendi lá muito bem qual era o motivo do burburinho em volta da sua obra, mas como apreciei de forma satisfatória o que li, escrevi o artigo, Review: ‘Persuasion’ by Jane Austen. Que contém uma opinião muito seca, no meu entender, e em Inglês (as minhas desculpas aos meus leitores em português) mas, na época, o meu blog pretendia servir um espaço virtual mais bilingue.

Nove anos mais tarde, atrevi-me a reler ‘Persuasão’, e a formar uma opinião mais consubstanciada deste livro. E, verdade seja dita, foi precisa uma certa experiência de vida para me ajudar a compreender, de facto, esta história. No artigo Opinião: “Persuasão” de Jane Austen,  em que escrevi, um pouco, sobre cada uma das obras desta autora, exceptuando a juvenília.

Por esta altura, já tinha lido os seis livros de Jane Austen, alguns deles, mais do que uma vez. Havia lido Sanditon, o romance inacabado, e alguma correspondência que veio depois. E, por fim, a juvenília. E, nem quero contar, as vezes que vi filmes, séries, documentários e relacionados.

Agora, que acredito que possuo um conhecimento um pouco mais profundo sobre a autora, as suas vivências, e em que fiz repetidas leituras das obras (porque agora releio, pelo menos, um dos seus livros a cada ano que passa), posso afirmar que sou fã.

Mas, dizer que se é fã quando não se sabe bem explicar Porquê, porque é que estas histórias, e as suas personagens me cativam desta forma, é algo que sempre me fez alguma confusão.

E, não! Não é porque gosto de histórias de amor, ou dos géneros de galã sobre os quais Austen escreve. A maioria deles, beneficiava de um caldo bem assente na tola, para lhes arredondarem os quadrados mentais, que transportam para todo o lado.

Sei que gosto das histórias de Jane Austen, mas de que gosto eu, ao certo? Que portas me abrem estes livros?

Sim, identifico aquilo que gosto na obra de Austen: aprendo coisas novas, reconheço padrões e vivências, identifico circunstâncias, formas de ser, e de estar, e acima de tudo, algumas das suas obras tornaram-se espaços seguros de sobrevivência em momentos de realidades duras. E, a cada releitura, há mais substância a descobrir.

E, no entanto, nunca soube bem explicar o que me cativa, desta forma tão particular, nas obras de Jane Austen. Dizer ‘Gosto, porque sim!’ é resposta. É pois! Mas, gosto de compreender a parte ‘porque sim‘.

Descobri a resposta… por acaso.

Estou, neste momento, a meio de um livro entitulado ‘The Cloisters’ por Katy Hays. — E, não. Não me enganei no argumento. É esta a parte fez faz deste artigo um baú de curiosidades literárias. 

Pesquisa puxa pesquisa, e dei comigo no site do ‘The Morgan Library & Museum‘ que, por sua vez, me levou a Belle da Costa Greene: A Librarian’s Legacy .

E, guiada pela minha constante curiosidade sobre o que outros têm a dizer sobre a obra de Jane Austen, cliquei aqui: Fran Lebowitz: Reflections on Austen. Inseri o vídeo em causa, aqui em baixo, para melhor visualização.

Acho que, ninguém me explicou melhor, eu incluída, o que vejo na obra de Jane Austen, como Fran Lebowitz:

São 6 minutos, em que Fran Lebowitz explica porque a obra de Austen teve, e tem, tanto sucesso. Sobre o que vemos na sua obra, como imagem inicial, e o que podemos observar, se tivermos o cuidado de ver, de facto, de onde vêm as construções desta mulher-escritora, fruto da sua época.

Os livros de Jane Austen são portas, de facto. E, este vídeo, de 6 minutos apenas, é uma porta para tantos temas importantes para nós, seres humanos, pessoas, leitores.

Vejo a explicação da actualidade, fundada num passado que, era suposto, já não reconhecer. Afinal, Jane Austen viveu entre 1775 e 1817 e, no entanto, não é o que acontece.

E, sim, a ironia deve continuar viva, e de boa saúde, se desejamos sobreviver a esta sociedade.

No [baú de curiosidades literárias] entram as ideias:

*Fran Lebowitz demonstra uma acutilância espantosa, que me proporcionou uma perspectiva perspicaz sobre Jane Austen, e os seus leitores.

*quando lemos algo que não compreendemos, ou que julgamos compreender mas que, de facto, não temos as referências históricas e culturais para o fazer, só podemos observar aquilo que somos, ao invés da porta para o mundo novo, que é suposto a obra ser — esta noção é, para mim, profundamente, causadora de humildade.

*livros abrem portas, trazem conhecimentos, acicatam a curiosidade para que vamos em busca de informação nova, de que não dispúnhamos antes. Aspectos históricos, que ilustram as nossas dificuldades actuais com certos temas sociais.

*histórias envolvem o leitor: as de Austen e as de Fran.

*é preciso ser-se muito inteligente, mesmo muito inteligente, para convencer hordas de pessoas que falamos sobre um facto quando, na verdade, falamos sobre um conjunto inteiro de realidades. E, através dos tempos, — em 2025 contam-se 250 anos do nascimento de Jane Austen, — mantém-se a ocorrência: lemos Austen, e achamos que compreendemos os temas sobre os quais ela escreve.

*Austen diz a verdade… com humor. O mesmo se pode dizer de Fran.

*e, o humor… a ironia implícita em tudo, e o franco sentido de humor, que temos de desenvolver para podermos apreciar as nuances (sim, acredito que há vários tipos de humor, e de pessoas que os apreciam nas suas diferenças… há humores nos quais não encontro graça nenhuma).

*não é preciso explicar tudo. A arte de Austen é assim.

*inteligência e ironia andam de mãos dadas. E, Austen era exímia em ambos os domínios: inteligência e ironia.

E, concordo com a perspectiva de Fran sobre o acto de conhecer escritores, quando lhe apresentam o cenário: o que perguntaria a Austen se pudesse estar com ela.

Conhecer escritores é… esquisito. Somos todos esquisitos. Não apenas os escritores. Em especial, quando se lhes reconhece alguma medida de sucesso.

O que perguntarias a um escritor famoso, se tivesses oportunidade?

Obrigada e Até Breve!

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