‘É papel do autor definir quem será o narrador ou qual a melhor perspectiva para contar determinada história. É o autor que cria o universo onde a acção tem lugar e é ele que define qual o ponto de vista ou perspectiva sob o qual a história será contada.’ Recursos do Escritor: Qual é o teu ponto de vista? A narrativa na 1.ª pessoa
3. Terceira Pessoa Subjectiva:
O narrador escreve do ponto de vista de uma ou mais personagens, descrevendo os seus pensamentos, opiniões e sentimentos. Usa o pronome “Ele/Ela” ou, no plural, “Eles/Elas”. É o estilo narrativo mais usado e aquele que possibilita uma maior flexibilidade ao autor.
Se optar por escrever sob o ponto de vista de uma só personagem, habitualmente será a do protagonista, usando o “Ele/Ela” mas nunca o “Eu”. Se escrever sobre o ponto de vista de várias personagens, descreverá os seus pensamentos, opiniões e sentimentos, igualmente sem recorrer ao “Eu”
A vantagem é mostrar a profundidade da personagem ao leitor, mostrando eventos e a percepção que ela tem dos acontecimentos. Permite que a personagem seja intimamente revelada ao leitor, tornando a perspectiva semelhante à da 1ª Pessoa, mas usando a 3ª pessoa para o fazer (Ele/Ela).
A desvantagem prende-se com a limitação às acções, ocorrências e pensamentos de uma única personagem. E todos os acontecimentos ocorrem sob a perspectiva dessa personagem.
Alguns excertos de obras escritas na 3ª Pessoa Subjectiva:
‘Arlen apoiou-se ainda mais sobre a bengala à medida que a febre ia aumentando. Curvou-se e cedeu ao vómito, mas o estômago vazio continha apenas bílis. Zonzo, procurou um ponto de foco.
Viu uma coluna de fumo.
Havia uma construção junto à estrada mais à frente. Uma parede de pedra, de tal forma coberta com trepadeiras que se tornava quase invisível. O fumo erguia-se daí.’ ‘O Homem Pintado’ de Peter V. Brett
‘Era um velho que pescava sozinho num esquife na Corrente do Golfo, e saíra havia já por oitenta e quatro dias sem apanhar um peixe. Nos primeiros quarenta dias um rapaz fora com ele.
Mas, após quarenta dias sem um peixe, os pais do rapaz disseram a este que o velho estava definitivamente e declaradamente “salao”, o que é a pior forma de azar, e o rapaz fora por ordem deles para outro barco que na primeira semana logo apanhou três belos peixes. Fazia tristeza ao rapaz ver todos os dias o velho voltar com o esquife vazio e sempre descia a ajudá-lo a trazer as linhas arrumadas ou o croque e o arpão e a vela enrolada no mastro. A vela estava remendada com quatro velhos sacos de farinha e, assim ferrada, parecia o estandarte da perpétua derrota.’ ‘O Velho e o Mar’ de Ernest Hemingway
‘Ela estava exausta mas não lhe apetecia dormir. Na sua mente fervilhavam demasiadas perguntas.
Como desejava poder falar com Acheron sobre Zarek e perguntar-lhe o que havia naquele homem que ele achasse merecedor de salvação. Mas Artémis tinha concordado com aquele julgamento com a condição de que Acheron se mantivesse completamente afastado e nada fizesse para influenciar o veredicto. Se Astrid tentasse falar com Acheron, Artémis poria um fim ao teste e mataria Zarek de imediato.’ ‘Dança com o diabo’ de Sherrilyn Kenyon
É, sem dúvida o mais utilizado. E por aí? Usam-no? Ou preferem uma mistura de vários estilos?
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Boa tarde
Quando um livro está titulado por exemplo “estavamos perdidos ou éramos irmãos..” o autor precisa narrar a história em 1° pessoa? Por exemplo: nós eramos uma família rica etal…ou simplesmente o autor poderia narrar: no ano de 1970 havia uma família rica e tal..?
Olá, Gladson. A escolha do narrador da história, do ponto de vista sob a qual ela é contada, não tem qualquer relação com o título da história. Apesar de podermos sempre escolher um título com essa característica, facto é que não é frequente, a escolha do título de uma história prende-se com algo nela que desejamos mostrar de uma forma que suscite interesse para a pessoa que olha para a nossa obra. Normalmente, o título revela-se à medida que vamos lendo a história, seja de uma forma lenta e imbuída no texto, ou num pormenor que é, subitamente, revelado durante a leitura.
O tipo de narração escolhido identifica quem nos conta a história, mas o título pode ser tão genérico quanto quisermos.
Espero ter ajudado com a questão.
Obrigada pelo comentário e Até Breve!