Se são como eu, ou parecidos, andam sempre à procura de algo que vos inspire. Uma ideia, cor, desenho, conversa, algo que possa ser assimilado e transformado noutra coisa, diferente, minha. Uma espécie de Arte ou cujo produto final possa ser chamado disso.
E, se forem como eu, recolhem essas ideias como pérolas que depois dispersam por todo o lado de forma incoerente e pouco produtiva. Neste texto, não vos quero falar de como recolher, organizar ou usar ideias, já falámos disso aqui e aqui.
Neste artigo, quero partilhar convosco o que descobri sobre o acto e criação:
Não há nada que melhor assegure a inspiração do que Fazer. Fazer qualquer coisa, o que seja. Acção. A acção é inimiga da depressão.
Agir e, em simultâneo, responder à seguinte pergunta:
O que farias se não tivesses medo? Aponta. Tudo. Os maiores sonhos e projectos. O que farias se não houvesse barreiras?
Descobrir a Inspiração é saber que ela só depende de mim. Depende de pegar numa caneta e papel, num pincel ou tubo de cola, num livro ou revista e fazer qualquer coisa com eles.
Não há Inspiração. Ela não é uma Entidade. Não a convidamos a visitar-nos como se fosse uma pessoa.
Sentamos ou levantamo-nos, conforme o caso, e Fazemos qualquer coisa. Tomamos a iniciativa e desempenhamos uma qualquer acção. Um rabisco, uma linha, duas palavras.
Não interessa se não serve para nada (também já falámos sobre isto aqui). Se não se encaixa no grande esquema das nossas vidas que desejamos criativas. Não interessa se alguém verá sequer arte ou propósito naquela pequena-grande acção.
O que realmente importa é que tenho uma intenção, um propósito. Tenho algo que me faz parar de pensar no resto. Tenho uma acção (ou meia dúzia) que calam aquela chata da voz interior, que não se cansa de ser desagradável comigo, e com tudo aquilo que fiz, e faço, na vida.
Não me interessa se lhe vêm, ou sequer se vejo, valor. Interessa-me que, enquanto crio, não penso. E, enquanto não penso, posso criar. Autorizo-me a criar. E, isso é insubstituível.
Se forem algo como eu, quando não criam, sufocam. Sofrem. Desesperam. Recriminam-se, tanto pelo que fazem, como pelo que não fazem. Debatem-se com ver um propósito e um fim em tudo aquilo que fazem. Convictos que todos os outros já descobriram o segredo do sucesso. Todos eles produzem algo que se aplica, que funciona, que os sustenta na vida.
Mentira. Andamos todos em tentativa e erro. E, desconhecemos o que os anima e/ou deprime, como se pode ver por estes últimos casos de suicídios de pessoas famosas, que se julgavam terem tudo para serem felizes. Não eram.
Apenas, quem cria tem mais esse bicho para alimentar, para além de todos os outros demónios, que os acompanham nessa viagem. É preciso, e condição sine qua non, Agir. Fazer Alguma Coisa. Criar um Legado… Algo.
Seja ela escrever, dançar, cantar, pintar, esculpir, ou qualquer uma outra conjugação de artes.
E, como temos muitos momentos em que não sabemos o que fazer, criámos a ilusão de que precisamos de uma Musa, uma qualquer personificação do talento que desconfiamos não possuir e nunca vir a ter. Porque, tal como a inspiração não é uma pessoa, o talento não é algo que se possui.
Toda a Arte é apenas vontade de aprender e de praticar. A nossa vida é o palco, a obra, o meio, e o resultado final. Não há nenhuma força exterior que nos empurre a criar, há, sim, desligar o botão do complicómetro metafísico e fazer alguma coisa, qualquer coisa, o que for.
Se tudo o que tens são cinco minutos, usa-os. Uma ideia? Executa-a. Um plano? Dá um passo. Vontade? É agora.
Agora é sempre a melhor hora para começar. Share on XE, é sempre uma luta para começar.
Todos os inícios são difíceis. Todas as práticas têm desafios. Tudo requer aprendizagem e prática. Nada disso tem peso suficiente para nos impedir quando a vida só tem sentido se for vivida com criatividade.
Se forem algo como eu, sabem disso, enfrentam-no. Padecem mas aparecem, outro dia, para qualquer coisa, seja ela qual for. Não pode ser de outra forma. Acreditem, já tentei que o fosse…
Na minha lista de passatempos (vejam o exercício no final deste artigo) incluí, há uns tempos, uma coisa curiosa: Reorganizar/movimentar a mobília. Sim, posso afirmar que as minhas rodinhas mentais estão sempre a trabalhar quando se trata de mudar coisas lá em casa.
É criativo? Sem dúvida. Pode ser muito criativo. Pode ser o que eu quiser que seja. Neste caso, só preciso de ajuda quando mexo em móveis pesados. Tudo o resto, só a mim diz respeito. Adoro criar recantos. Arrumar. Enfiar em caixas ou retirar, de todo, a presença das coisas que já não me servem.
Adoro mudar de paradigma na decoração. Passo horas a congeminar como aproveitar, ou libertar, este ou aquele espaço. Serve como capa de revista? Não. Mas, é algo que gosto de fazer.
E, porque não posso fazer o que gosto de fazer?
Se és algo como eu, também gostas do que crias. Duvidas disso. Apareces mais um dia. Regressas ao estado duvidoso do costume. A batalha é constante e só o é porque insisto em voltar à carga.
Mas, como também duvidas da Musa e da existência de outras cenas mais esotéricas, continuas à procura desse estado de fluidez (como abordado no livro ‘Flow‘), da tua criatividade. Inventas umas coisas. Passas umas horas de volta do que gostas mesmo de fazer.
Enfias o teu chapéu de criativo, mesmo sem o saberes, e apareces para reunir ideias, ouvir conversas, ler as notícias. E, quando te permites agir, fazes qualquer coisa. Porque é preciso fazer qualquer coisa.
Nunca sabemos em quem tocamos com aquilo que criamos. Share on XAgarro-me a isto. E, esqueço-o por completo enquanto Crio. Esqueço e convenço-me que será só para mim. Mais uma mentira. Será para o que for. Após terminada, é a obra que dita o seu destino.
Se forem algo como eu, aparecem. Uma e outra vez. Após muita pancada. Auto-infligida e não só.
Porque, a vida não faz sentido, se vivida de outra forma.
E, tu? Quais as tuas Artes? O que te empurra a Criar?
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Adorei isto! Obrigada.
Obrigada, Marlene.