Sobre Criar, Felicidade e Viver o Agora

Sobre Criar, Felicidade e Viver o Agora

Todos nos debatemos com a vontade de criar alguma coisa e com aquilo que acreditamos ser a utilidade dessa obra. Decerto, já vos aconteceu. Todos nos sentimos infelizes quando vemos as coisas desta forma: Esforço vs Utilidade

Parece que passamos os dias à procura de justificações para sermos mais do que aquilo que a sociedade nos impõe que sejamos. Motivos para nos dedicarmos a uma actividade que não é o trabalho físico-mental-o-repetitivo diário. (Não percam o exercício no final deste artigo)

Pergunta: Porque precisamos de desculpas para construir algo? Justificações para fazer o que quer que seja que não pertença à classe do trabalho oficial? Motivos para apaziguar o sentimento de culpa que nos invade quando fugimos à regra (dos outros)?

Há muito tempo que isto rodeia e invade a minha parte mais criativa. Não vale a pena fazer isto ou aquilo porque não serve para nada, porque ninguém vai ver, porque é banal, porque não, porque estou a perder tempo… E, ao não perder esse tempo, na dúvida e rejeição, perco o meu tempo de vida, porque ando por cá e limito-me a não fazer nada.

Estão a ver o ciclo? Não crio porque não serve. Mas, se não serve, porque andamos cá?

Neste meu ano de Crescimento Criativo, a ideia de ‘desperdício de tempo vs praticar até me sentir satisfeita’ tem sido um tema recorrente.

Porque questiono tanto o tempo que passo a criar outras coisas? Porque me convenço que não fiz nada de útil ou que foi tempo desperdiçado? Porque não admito que é a prática que nos empurra para a execução aprimorada? Porque não o aceito de vez?

Com todos estes poderosos sentimentos à mistura, há já muitos anos… desde que criei as primeiras histórias e poemas, com onze ou doze anos de idade, e me questionei para que serviam… este é o ano em que insisto em criar sem procurar o uso prático. Criar porque sim, porque me sinto feliz enquanto o faço. Criar, não porque os outros o reconhecem como algo de valor, mas porque eu necessito da prática.

Estamos a um mês da celebração do acontecimento mais importante da minha existência: o nascimento da minha filha. Com a data a aproximar-se o meu gosto pelas artes manuais ressurge… e, os conflitos de tempo/utilidade também.

Foram precisas várias horas, ao longo de vários dias, a criar pegadas de patinhas de cachorro (em carimbo, em papel de lustro, em cartolina em guache, em lápis de cor e caneta de cor…) para aperfeiçoar aquelas pegadas que estão agora no sítio onde são necessárias. E, apesar de imperfeitas, estão lindas, e foi assim que nasceram para ser.

Há quase dois anos a vida mudou por completo. Eu, deixei de ser apenas eu. Ela, precisava, e precisa, de cuidados. Ambas crescemos, à força, atiradas para os braços uma da outra, sem qualquer tipo de preparação possível. Sim, preparação teórica é gira mas, nada como a realidade, para nos dar um chuto no traseiro.

Não vos minto, tem sido uma valente luta. Mas, cada segundo vale ouro pela felicidade que traz consigo. Cada birra acarreta o mundo. Cada conquista é um pedaço de mim que vence.

Assim, à imagem do ano passado, comecei os preparativos da festa, incerta de tanta coisa, mas cheia de vontade de criar algo único e especial para o meu amor mais gaiato.

Como estamos em ano de Crescimento Criativo desenhei um plano para concretizar todos os projectos artísticos que tenho em mente. A parte pior tem sido criar o conceito de raiz e resolver os inúmeros desafios técnicos que se têm manifestado… e, tempo. Mas, o tempo é sempre um desafio… isso, e o raio das doenças da treta que não largam criancinhas, e adultos, em contacto com criancinhas…

Concluo que, sem qualquer dúvida, ADORO todos os desafios criativos, por mais frustrantes e trabalhosos que sejam. Todos eles merecem tempo para germinar e mostrar como resolver as idiossincrasias.

São eles que me ensinam o que deve vir a seguir e o que fica melhor: Uso cartão ou cartolina? Nesta cor ou na outra? Com bonecos ou letras? Que tintas? Quanto tempo levam a secar? Risca tudo e faz de novo…

A resposta a todas as perguntas está no tempo, dedicação e satisfação em resolver cada dilema com o coração cheio do objectivo final e os dois olhos bem abertos para o que resulta.

Cada arte ensina-me a Ser e a Fazer. Cada projecto criativo é uma autorização para usar o meu precioso tempo naquilo que me acrescenta algo de bom. Algo que me alimenta a alma criativa.

E, todos lutamos contra a praticabilidade das coisas. Quando estamos a crescer criativamente debruçamo-nos sobre as perguntas mais estranhas, e resistimos ao impulso de criar, apenas para não sentirmos vergonha daquilo que gerámos, mas que não nos preenche.

Esquecemo-nos que, criar alguma coisa de raíz, sejam objectos, conceitos ou actividades, é um fim em si mesmo. (já fizeram download do n/vosso presente de aniversário? Espreitem aqui…)

Criar é um fim em si mesmo. Click To Tweet

Resistimos a criar algo se não o podemos mostrar. Para que serve? O que faço com isto? Onde o arrumo? Onde o escondo da vista?

Nenhuma resposta a estas perguntas é importante. Serve para aquilo que existe, para usarmos a nossa criatividade e praticarmos uma forma de arte, qualquer que seja.

Cada projecto é experiência que será usada mais tarde nessa e noutras artes. Cada momento passado a Criar é viver o Agora na sua plenitude. Cada objecto, texto ou actividade, contém em si mesmo tudo o que pode conter, a abstracção das preocupações da vida.

Criar é uma espécie de meditação. Click To Tweet

São momentos que usamos para reflectir sobre algo que não seja o nosso ego. Alturas em que desligamos do mundo e entramos no reino da criação e da satisfação. E, se o resultado final não corresponde ao que queríamos, temos sempre a liberdade para usar o que aprendemos nessa experiência e fazer de novo e melhor.

Todas as pessoas são criativas. Cada uma em determinados tipos de actividades. Não há criativos só numa arte ou pessoas que não são criativas.

Somos todos diferentes. Todos usamos os nossos talentos com maior ou menor frequência.

Importante é não perder a vontade de fazer aquilo que nos satisfaz. Aquilo que nos deixa felizes.

Porque ser feliz, e estar feliz, não é a mesma coisa. E, Criar é o caminho no qual a vida vale a pena.

Por isso, criem muito, muitas coisas. Errem muito. Refaçam muito. Tudo. Desliguem da vida e deixem qualquer coisa com valor. Descubram novos hobbies ou pratiquem os antigos.

Esqueçam a vida e, em simultâneo, vivam nela. Click To Tweet

Porque, isto só vale a pena, se olhamos em volta e sentimos gratidão pelo que temos. Essa é a verdadeira felicidade. Felicidade não é a utilidade do que não temos ou o desejo pelo que não possuímos. Felicidade é estar presente onde estamos agora.

E, agora, o que tenho para vocês – Exercício:

Convido-vos a fazer uma lista de todos os passatempos que tiveram na vida. Percam uns minutos, ou mais tempo, e anotem todos aqueles de que se lembram. Destes marquem aqueles que ainda praticam. Depois, à frente de cada um deles escrevam o motivo ou motivos que vos levaram a abandonar ou manter essa actividade. No fim, releiam tudo e partilhem connosco (aqui nos comentários) aqueles que praticam e os que gostariam de voltar a praticar.

Eu, vou fazer o mesmo, mas só partilho convosco se quiserem saber. Fico a aguardar os vossos comentários.

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2 comentários em “Sobre Criar, Felicidade e Viver o Agora”

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