Escrever, reveses e outras considerações

reveses e considerações

Olá a todos. Sejam bem-vindos a estas [palavras soltas].

Estas primeiras semanas de Fevereiro têm trazido uma panóplia de cenas que têm complicado a minha dedicação a estes espaços mais públicos.

Acredito que, ao criar conteúdos para publicar online, seja qual for o meio de partilha, devo apresentar-me com o melhor humor possível, com ideias leves, e que contribuam para o bom e o inspirador.

E, o que acontece com o acto criativo quando não me sinto assim?

O primeiro sentimento que me toma é: não devo partilhar os meus maus humores e, menos ainda, os meu problemas.

Quero contribuir com algo positivo. Quero que estes espaços públicos sejam motivadores, positivos e divertidos. Quero que se sintam motivados a perseguirem as vossas práticas criativas.

Não quero contribuir com doom & gloom… mesmo que transpareça em mais do que eu desejaria.

O segundo sentimento é: se não tenho nada de positivo para partilhar, mesmo que seja um pequeno argumento final, não escrevo nada.

Mas, não escrever não é opção.

Assim como, abandonar o que faço nestes espaços, também não é opção. Por pura teimosia, confesso.

A verdade é que, há alturas, em que aquilo com que posso contribuir é a experiência em si. Não a boa, mas a . O que tenho para partilhar é a minha vivência e, quando esta não é positiva e alegre, não deixa de existir ou de estar comigo. Por vezes, esta vivência toma os meus recursos por completo, sem deixar margem para mais nada.

Se têm acesso à Newsletter semanal, ou se têm acompanhado os últimos artigos, sabem que esta época do ano está a ser difícil… Algo que é habitual no início de cada ano. Um misto de January blues, com a costumeira dose de cenas más/esquisitas a acontecer.

Não desejo entrar em pormenores sobre os eventos específicos. E, quando vos digo que não gosto de partilhar estas coisas é porque não acredito que este espaço deva conter certo tipo de assuntos pessoais. A ideia não é queixar-me… mas, tenho sempre a sensação que, falar sobre as coisas más, é uma espécie de queixa.

No entanto, há autênticos blocos maciços de tempo em que os assuntos sobre os quais escrevo, seja neste ou noutros formatos, são influenciados por estes humores.

Assim como, a falta de outros assuntos mais leves se manifesta desta forma. Um sentimento alimenta outro e, todos juntos, roubam o meu espaço de leveza e positividade.

Escrever…

Com tantas emoções a bailar, neste início de ano, escrever ficção tem-se tornado escasso.

Após o NaNoWriMo em Novembro, que não correu como esperado, tudo o que coloquei nesse livro durante esse esforço do desafio foi quase residual.

Acreditei que precisava de uma pausa e, entretanto, Dezembro trouxe outras (ou mais do mesmo) novidades.

Acreditei que Janeiro traria uma nova higiene horária, com espaço para voltar ao meu livro de uma forma mais consistente. Ah, inocência! O que chegou foi uma impossibilidade completa de manter um horário decente para escrever… que se arrasta até hoje.

Resguardar o espaço mental para a escrita é complicado quando outras necessidades se levantam. Quando não se mantêm hábitos saudáveis, sejam eles quais forem, a verdade é que é muito difícil manter uma boa prática criativa. E, neste momento, apesar das escolhas que faça, não há hábitos saudáveis que resistam à vivência familiar. Se ela não dorme, eu não durmo…

Concluí que não tenho qualquer controlo sobre o que acontece, o que me dá cabo da saúde, e a verdade é esta. E, estou a tentar aceitar que, é melhor aprender a viver com os revés e adaptar-me como consigo.

Mas, no final, nada disto importa porque continuo sem espaço para escrever ficção. Sem vontade para aparecer para estes espaços públicos. Continuo a empilhar cenas para gerir, e a sentir-me pouca apta para isso.

Até o acto de ler foi relegado para quinto plano desta existência…

Anotações e Apontamentos…

A parte da escrita que se mantém tem consistido em apontamentos, nos diversos journals que mantenho, e na actual mudança para modo filofax. Descobri que escrever notas sobre temas específicos, em espaços organizados para o efeito, ajuda imenso.

Espero praticar um pouco mais, e receber o filofax (filofaz, como escrevi por engano, mas que acho que vai pegar porque é um faz tu mesma que se aplica) encomendado, para poder partilhar convosco outras experiências sobre esta novidade.

Entretanto, e se podem retirar algo daqui para as vossas práticas criativas que seja:

∞ Que os reveses acontecem e que o melhor que podemos fazer é dar-lhes espaço para acontecerem.

∞ Que não apaguemos a vontade de regressar ao acto criativo porque a existência impossibilita as práticas que desejamos ter.

∞ Que escrever sobre o que nos incomoda é tão importante como imaginar histórias para escrever.

Continuar a aparecer para as nossas artes, seja de que forma for.

Obrigada e Até Breve!

subscreve

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.