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Frederico Garcia Lorca (1898 – 1936), poeta, dramaturgo e director de teatro espanhol, cuja popularidade e influência na literatura é de notar. Lorca deixou um legado de importantes obras-primas da literatura, algumas publicadas após a sua morte.
Estudioso de música, na sua adolescência, não o impediu de se dedicar à escrita, fazendo parte do movimento literário Geração de 27 (grupo formal de pessoas, ligadas à literatura que, entre 1923 e 1927, desejavam as formas vanguardistas na arte e na poesia). O início da sua escrita veio aos 18 anos, após a morte do seu professor de piano, em 1916.
Os seus primeiros escritos inspiraram-se nas formas musicais, chegando mesmo a escrever ensaios sobre flamengo.
Em 1914, inscreve-se na Faculdade de Granada para estudar Filosofia, Letras e Direito, onde convive com outros intelectuais. Em 1919, muda-se para Madrid, onde continua os seus estudos, e onde contacta com outros artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali, Alfonso Reyes, José Ortega y Gasset, Albert Einstein, Paul Valéry e Marie Curie.
A primeira obra poética de Lorca foi publicada em 1921, intitulada ‘Livro de Poemas’, onde explorava temas como a fé religiosa, o isolamento e a natureza.
Grande parte dos seus primeiros trabalhos baseiam-se em temas relativos à Andaluzia, à música, e ao folclore regionais, e aos ciganos, a sua obra mais conhecida, intitulada ‘Romancero Gitano’, foi publicada em 1928, e é — cada vez mais — ainda hoje, uma obra a explorar.
Influenciada pela cena avant-garde espanhola, Lorca considerava o “Romanceiro Cigano” como um altar da Andaluzia escondida.
“… obra poética “Romance cigano” foi escrito e publicado pelo poeta Federico García Lorca no Ano 1928 e é uma composição de um total de 18 romances, cujos temas giram em torno do mundo mítico dos ciganos, tratando de temas tão universais quanto o trágico destino que nos acompanha a todos em um momento de nossas vidas, a frustração de coisas desejadas mas não alcançadas , culpa por sentir e fazer certas coisas, etc.” — em ActualidadLiteratura
A cultura local, as tradições dos ciganos espanhóis, a vivência diária de pessoas e povos, os seus cavalos, rios, crimes e pobreza, são reunidos nestes poemas, demonstrando o profundo conhecimento, e a mestria lírica de Lorca, ao escrever sobre eles.
Como estudante, conheceu uma série de artistas importantes na época, nomeadamente, Salvador Dalí, que se diz ter sido um dos motivos para a mudança de Lorca para Nova Iorque, assim como um afastamento dos seus amigos da época.
Em Nova Iorque, onde prosseguiu os seus estudos na Universidade de Columbia (1929-1930), inicia o seu período de poesia surrealista, manifestando desprezo pelo modo de vida norte-americano, e horror pela brutalidade da civilização mecanizada, nas chocantes imagens do “Poeta em Nova Iorque”, publicado em 1940.
Em 1931, regressa a Espanha e dedica-se ao teatro. Fundador da companhia ‘A Barraca’, continua a escrever agora este formato teatral em drama, farsa e tragédia. A Guerra Civil Espanhola leva-o ao sítio errado, na hora errada, e culmina no seu desaparecimento.
A sua morte é assumida, após curto cárcere e, apesar de se desconhecer o paradeiro do seu corpo, assim como se desconfiar dos motivos que reclamaram a sua existência neste mundo, sabe-se que a perseguição política à época, foi um dos motivos para a sua execução, assim como a sua preferência sexual.
A localização exacta dos seus restos mortais é, ainda hoje, um tema controverso e um mistério, aparentemente, insolúvel. O que adensa as perguntas em volta da vida deste escritor… e, alimenta as obras nascidas em sua descoberta e homenagem.
Retive esta frase: “sua linguagem é uma fusão do popular e o culto“, esta numa referência a “Romanceiro Cigano”.
A classificação, mesmo oposição, entre popular e culto é um tema que sempre me causou alguma confusão. Lido mal com ambos os conceitos, daí a referência ter-me causado estranheza.
“A poesia Lorquiana é o reflexo de um sentimento trágico da vida, e está vinculada a diferentes autores, tradições e correntes literárias. Nesta poesia convivem a tradição popular e a culta.” — Wikipédia
Muito há de curioso a ser investigado na vida e obra de Frederico Garcia Lorca. No meu caso, a começar pela recorrente troca de nome, Frederico por Gabriel, que não consigo evitar, sem compreender porquê.