As Cartas de Jane Austen

letters of jane austen

Aviso: Este artigo contém excertos de cartas, uma sugestão de leitura para apreciadores da obra de Jane Austen e inspiração para autores auto-publicados.

Foi com lágrimas nos olhos que terminei esta obra… ali, algures pelo final do primeiro parágrafo da carta de Cassandra Austen para a sua sobrinha Miss Fanny Knight:

My dearest Fanny, – doubly dear to me now for her dear sake whom we have lost. She did love you most sincerely, and never shall I forget the proofs of love you gave her during her illness in writing those kind, amusing letters at a time when I know your feelings would have dictated a different style.

Não me recordo de chorar a ler um livro, apesar da minha tendência para me comover, até ao ponto de lágrimas, nas mais variadas circunstâncias (sobretudo quando vejo noticiários)… mas, entretanto, fiz um esforço para procurar estas leituras que me fizeram derramar umas lágrimas…

De repente, ocorreu-me que chorei ao terminar ‘Me Before You’ de Jojo Moyes. Só levei 24 horas… e… 48 horas depois, e um longo olhar para os meus livros na estante, lembro-me que chorei ao terminar ‘As Palavras que nunca te direi‘ de Nicholas Sparks.

Três leituras que me comoveram a sério… ainda serve como recomendação? Espero que sim. Porque esta compilação das cartas de Jane Austen deixou-me com vontade de ler as restantes, as respostas dos vários correspondentes, e tudo o que mais por aí houver… como já repararam, aconselho a leitura.

My dear Cassandra, – Your letter was truly welcome, and I am much obliged to you for all your praise: it came at a right time, for I had had some fits of disgust. (…) Upon the whole, however, I am quite vain enough and well satisfied enough. The work is rather too light and bright and sparkling: it wants shade: it wants to be stretched out here and there with a long chapter of sense, if it could be had; if not, of solemn specious nonsense (…)

The Letters of Jane Austen‘ não são comoção. Não são uma amostra de situações que nos fazem chorar. Pelo contrário, são humor e uma homenagem à vida diária nos inícios de 1800.

Jane era espirituosa nos seus escritos e na sua vida. Divertida e inteligente, mostra-nos que tinha uma visão muito particular das vivências familiares e sociais da época. Sarcástica e bem-disposta e, nem quando fala da própria saúde em declínio, nos deixa antecipar a verdadeira dimensão trágica dos preâmbulos desse acontecimento.

Testemunhamos uma família unida, um conjunto de amigos presentes, as vivências diárias de pessoas que, vivendo numa Inglaterra Georgiana e rural, não cessam de procurar motivos para estar em sociedade.

There is some poetry for Edward and his daughter. I am afraid I shall not have any for you. I forgot to tell you in my last that our cousin Miss Payne called in on Saturday, and was persuaded to stay dinner.

Sim, Jane escrevia sobre o que vivia e, nas suas cartas, notamos aquilo que animava as suas personagens, enredos e dramas. O humor que a caracterizava é visível em cada uma das suas obras escritas. A persistência em escrever, e levar a sua escrita às pessoas, incitaram-na a usar a sua rede pessoal para superar as discriminações de género, e publicar em vida quase todos os seus romances.

Austen que, de facto, nasceu para escrever grandes obras, para atentar à vida dita normal da época, nunca se privando de procurar alcançar aquilo que desejava, apoiando-se sempre na família e amigos… e, inspirando-se neles também.

Nos seus romances conhecemos histórias particulares. Nas suas cartas contemplamos os pormenores da realidade que inspirou a sua obra e vislumbramos partes do processos de auto-publicação de Austen.

I wrote to Mr. Murray yesterday myself, and Henry wrote at the same time to Roworth. Before the notes were out of the house, I received three sheets and an apology from R. We sent the notes, however, and I had a most civil one in reply from Mr. M. He is so very polite, indeed, that it is quite overcoming. The printers have been waiting for paper, – the blame is thrown upon the stationer; but he gives his word that I shall have no further cause for dissatisfaction.

Numa época em que as mulheres não podiam assinar as obras que escreviam, cuja sobrevivência dependia do casamento ou, se solteiras, de esmolas de familiares, cuja esperança de vida era qualquer coisa como metade daquela que conhecemos hoje, que pouco viajavam e sempre acompanhadas por alguém considerado respeitável, Jane Austen escreveu e auto-publicou, com a ajuda dos seus irmãos, 6 obras completas que nos deixou como legado literário e inspiração.

No pref´acio, Sarah Chauncey Woolsey afirma:

Seeing little, she painted what she saw with absolute fidelity and a dexterity and perfection unequalled. (…) Endowed with the keenest and most delicate insight and a vivid sense of humor, she depicted with exactitude what she observed and what she understood, giving to each fact and emotion its precise shade and value.

Continuo fã das obras e da própria autora. Ler sobre a sua realidade, escrita pela própria mão, foi algo que me agradou mais do que considerei ser possível.

5 estrelas. E, aconselho o que quer que seja Austen.

Obrigada e Até Breve!

***

Referências:

Recomendam alguma leitura em especial?

***

Já sabem, podem comentar, aqui em baixo, gostar e partilhar.

Obrigada e Até Breve!

Sigam o Vlook, o canal YouTube deste blog, só sobre livros…

Não se esqueçam de subscrever o blog por e-mail e recebem, todos os Sábados, um vislumbre exclusivo sobre os bastidores.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.