Parte o copo. Ouve o Universo. Vive.

vive

Olá a todos. Sejam bem-vindos a esta [pausa de Domingo].

Seis da manhã! Hey!

Assim, à laia da música das Doce, mas com muito mais sono… e menos animação de outras modalidades *inserir: revirar de olhos aqui*

Diz que anda por aqui uma constiparvação que não nos larga e, dormir pouco, parece ser o tema das últimas semanas. Pelo menos, comprovo que, às 7 da manhã (o momento presente) neste nosso belo Domingo, ainda é de noite. [amanheceu pelas 7:30].

Ontem, foi um dia de: viver o momento.

E, com isto quero dizer que, o Universo atirou-me a mesma mensagem, em meios diferentes, no mesmo dia. Primeiro, foi uma cena importante num livro que (ainda) estou a ler: “A Menina das Estrelas” de Jerry Spinelli.

O momento em que Stargirl explica a Leo a dificuldade que é ficar, completamente, em silêncio, (portanto, o princípio da meditação e de calar as vozes dentro da cabeça, que nos impedem de ouvir o Universo), fez-me voltar à experiência de ler, pela primeira vez, “The Power of Now: A Guide to Spiritual Enlightenment” de Eckhart Tolle (que recomendo com muita veemência).

Nessa mesma noite, cruzei-me com o filme All My Life, ao qual dei (9⭐️) no IMDB. Baseado numa história verídica, esta é a história de um rapaz e uma rapariga que se conhecem, e se apaixonam e, quando parece que têm a vida toda pela frente, cheia de planos e de felicidade, ele adoece com um cancro agressivo no fígado. Assim, os sonhos de casarem e dele permanecer a trabalhar na profissão de sonho dele, ser chef de cozinha, são postos em causa.

No fim, a mensagem deste filme é: temos um número finito de dias de vida. Temos de agarrar cada momento e viver o melhor que pudermos.

Silenciar as vozes que nos impedem de ouvir o Universo, quando este fala connosco.

Sobre este filme escrevi: “tocou-me. Os actores trouxeram esta história para a vida. E, apesar de ser um drama, a verdade é que a mensagem é bem real e, é muito comum esquecermo-nos dela. O amanhã nunca está garantido. Se não és feliz, muda. Faz qualquer coisa. Vive.

Esquecemos, com demasiada facilidade, o quão finita a nossa existência pode ser (e é). Deixamos que o barulho nos consuma. O ruído exterior e o interior. E, correndo o risco de soar a uma cena mais ou menos hippie, algo que não sou e nunca fui, viver o momento torna-se cada vez mais difícil quando vivemos a realidade concebida. Aquela que os outros dizem que temos de viver. E, por vezes, estes outros somos nós próprios, cheios do conformismo rotineiro em que existimos.

Há demasiado ruído. Demasiada gente a viver sem pagar renda, dentro da minha cabeça. Muitas expectativas irreais e sonhos desfeitos. Com tanto barulho, deixar de ouvir o Universo é fácil. A poluição sonora absorve-o por completo, e arrasta-o tão para trás que, às tantas, duvidamos de tudo o que antes acreditávamos com todo o nosso coração.

Viver o momento. Cada momento. Os nossos momentos.

Como Jen diz:

“Em média, uma pessoa vive 27,375 dias. É tudo a que temos direito, se tivermos sorte. 27,375. A princípio, pensei que não parecia assim tanto tempo. Mas, ao mesmo tempo, de quantos dias é que nos lembramos mesmo? A maioria dos dias passam sem darmos conta, sem nada de especial, sem um acontecimento distinto. Porque só nos recordamos dos dias em que sentimos que algo aconteceu… algo belo ou trágico. A maioria dos dias passam numa névoa. Os meus passaram. Perdidos na rotina, ou na escola, ou em ambos. Não notei que a minha cida tinha-se transformado numa série de dias esquecidos. Tudo estava a ser guardado para depois: viver de forma espontânea, viajar, encontrar o amor. Mas tudo pode mudar num dia e, torna-se claro tudo aquilo que nos tem faltado.” — Jen em All My Life

No original:

The average person lives 27,375 days. That’s all we get, if we’re lucky. 27,375. At first, I thought it didn’t really seem like a lot of time. But then again, how many days do we really remember anyway? Most days pass by unnoticed, unremarkable, unmarked. Because we only remember the days when we feel something happened… something beautiful or tragic. Most days will pass in a blur. So many of mine did. They were lost in routine or school *or both*. I didn’t notice my life was becoming a series of forgotten days. Everything was being saved for later. Live spontaneously, later. Travel, later. Find love, later. But everything can change in a day, and what might be missing become so very clear. — All My Life

Há alguns anos que pratico o acto de recordar activamente, criando repositórios de momentos especiais, que servem para colmatar este desfocar de tudo o que vivemos.

O registo fotográfico, em especial, após o avanço para o formato digital em que não preciso imprimir nada que não queira de facto, ajuda-me a guardar cada momento especial. Ou, pelo menos, registar símbolos que representem esse momento.

E, diz que a malta não está contente com o espaço virtual que isto exige!

Outra estratégia são os registos escritos, o bullet journal, os cadernos de segundo cérebro, e as aplicações (como o Notion) que me permitem fazer listas de momentos especiais, e dos seus significados e propósitos.

Este ano, até o Calendário do Advento tomou este tipo de contornos, não foi?

Assim, e com a parte de Não me esquecer tratada, sobra a parte de Viver.

Não guardar para depois. Fazer o que receamos. Ouvir-nos, de facto. Usar os melhores copos. Deixar de ter os melhores copos.

Os copos que existem, desirmanados, mas que servem as necessidades de cada dia… Eu uso um copo de meio litro às refeições. A miúda usa uma caneca. O companheiro fica bem servido com um copo de tamanho normal.

Há muito tempo que, cá em casa, não há conjuntos de copos… até porque, inadvertidamente, eu parto tudo o que não for robusto. Para um brinde só é preciso que haja copos. Não precisam de provir todos do mesmo molde, ou serem todos da mesma cor. Isto não transforma o brinde num momento mais especial. Somos nós, como pessoas, que temos esse poder.

Há uns anos valentes, parti um copo de vidro quase inquebrável pela grossura e robustez do dito. Parti-o com as próprias mãos. Fiquei triste, porque passei a ter 5 copos sem qualquer possibilidade de repor o 6º. Mas, este foi um símbolo do que se partia na minha vida, e da força que tive de fazer para que se partisse. Estava apenas a lavá-lo à mão, no lava-loiças… a adiar o inevitável. A força que exerci foi inadvertida. Eu não queria partir o copo. Mas parti-lo foi o início do paradigma dos copos na minha casa… na minha vida. Aqueles eram os copos que não serviam a minha necessidade de meio litro de água (ou mais) por refeição.

Não quero mais copos que só parecem bem do lado de fora. Não quero copos que não servem as minhas — agora nossas — necessidades. Não quero copos que aparentam ser úteis, bonitos, de serviço, mas que não são nada disso. São só copos que não se usam. Que só ocupam espaço no armário dos cristais. Que nos roubam qualidade de vida com a sua existência porque não vivem na mesma realidade.

Porque, no fim, não importa que copos usámos, mas com quem partilhámos o copo, e como isso nos fez sentir.

Desejo-vos uma excelente [pausa de domingo]

Obrigada e Até Breve!

Referências:

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