Olá a todos. Sejam bem-vindos [à minha Biblioteca].
Confesso que comecei este livro numa tentativa de retirar-me do mundo de ‘Fourth Wing‘.
Também vos acontece? Precisarem de se obrigarem a vocês próprios a irem ler (ou ver) outra coisa?
De vez em quando, com certas histórias, em certos momentos, em determinadas circunstâncias, estarem tão fixados em algo que, simplesmente, não conseguem desligar. Não conseguem avançar para qualquer que seja a obra a seguir…
Claro que arranjei uma forma de tentar equilibrar isto. Deixo as releituras para os momentos de lazer (ao final do dia), e aceitei que leituras durante o dia são para livros novos… ou nunca mais iria sair de Basgiath.
… E, entretanto, descobri uma série de termos que apareceram nos documentários sobre o Japão que ando a consumir. Reconheci certos termos utilizados em ambas as obras… assumindo que não sei que tipo de pesquisa Yarros fez, ou deixou de fazer. Mas, isto são pormenores para os meus Baús de Curiosidades.
“The Cruel Prince” por Holly Black, o primeiro livro da colecção Folk of the Air, não era desconhecido. Se tem algum sucesso, está nas redes sociais. E, foi aí que o descobri.
No final de 2023, enquanto organizava as leituras para este ano, coloquei-o na lista de Séries a ler. Sendo um dos objectivos de leitura ler alguma ficção contemporânea (foi assim que ‘ACOTAR‘ e ‘Fourth Wing‘ foram parar à lista).
E, muitos dos canais de YouTube que vejo, seguem estas novas tendências de leitura, o que muito me intriga. O que se anda a escrever por aí, que trouxe tantos jovens para o mundo dos livros?
Na sinopse lê-se:
Primeiro livro da mais nova série de Holly Black. Conheça a impressionante história de uma garota mortal aprisionada em uma teia de intrigas reais.
Jude tinha 7 anos quando seus pais foram assassinados e foi forçada a viver no Reino das Fadas. Dez anos depois, tudo o que ela quer é ser como eles – lindos e imortais – e realmente pertencer ao Reino das Fadas, apesar de sua mortalidade.
Mas muitos do povo das Fadas desprezam os humanos. Especialmente o Príncipe Cardan, o filho mais jovem, mais bonito e mais cruel do Grande Rei. Para ganhar um lugar na Alta Corte, ela deve desafiá-lo… e enfrentar as consequências.
Envolvida em intrigas e traições do palácio, Jude descobre sua própria capacidade para truques e derramamento de sangue. Mas, com a ameaça de uma guerra civil e o Reino das Fadas por um fio, Jude precisará arriscar sua vida em uma perigosa aliança para salvar suas irmãs, e o próprio Reino.
Com personagens únicos, reviravoltas inesperadas, e uma traição de tirar o fôlego, este livro vai deixar o leitor querendo mergulhar de cabeça na continuação deste universo.
Isto é a informação oficial…
Para mim…
O início desta história é um pouco estranho. Sim, não há apostas mais altas do que o perigo da morte, mas não sei se reuniu o peso emocional necessário para nos apegarmos às crianças e ao que aconteceu.
Já no Reino das Fadas, apreciei bastante a construção de todas aquelas relações entre as crianças humanas e os habitantes locais. Houve uma verdadeira atenção aos detalhes, construindo a conexão que depois temos com Jude, Vivi e Taryn.
Torna-se fácil imaginar a imersão na estranheza daquele mundo, o que significa pontinhos ganhos para a escritora deste livro.
Como um livro para jovens adultos (YA), a história foi mantida sem excessos de violência ou sexo, apesar da crueldade de certos acontecimentos ter brilhado. Apreciei bastante este mundo. E, não sendo o primeiro livro sobre fadas e folclores associados, acho que foi com ACOTAR que fiz uma primeira comparação. Sendo que ACOTAR é um recontar dos contos de fadas tradicionais, e não foi muito mais para além disso.
Uns livros que tenho lido com (inspirados em) os Fey:
- ‘Fairy Tales of Ireland‘ de W.B. Yeats
- The Iron Fey Series de Julie Kagawa
- Livros de Neil Gaiman
- The Fever Series de Karen Marie Moning
E, a verdade é que achei que esta história estava muito bem construída, assente sobre os princípios cruéis que os antigos associavam a este povo vindo da magia.
Jude é, de facto, a heroína que se debate com a sua vida, com quem é, com o que deseja ter e ser e, por fim, que se descobre no auto-sacrifício em prol de um mundo que nunca será o seu, e que pouco mais foi do que mortal para ela e a sua família.
Imaginar as personagens que, às mãos de Holly, povoam o Reino das Fadas é um prazer. E, há muitas, com diversos níveis de importância, com histórias muito suas. Mesmo os humanos, na sua relação com o Reino, são interessantes de descobrir e de compreender o que, de facto, significa viver ali… ou no mundo mortal, à distância de uma curta viagem mágica.
Quer Jude, quer as suas irmãs sofrem um crescimento nesta história e, mesmo os vilões se transformam. As personagens reflectem acções e intenções. Ao mesmo tempo, o Bem confunde-se com o Mal deixando o leitor com bastante para considerar em cada um desses acontecimentos na zona cinzenta.
Ao contrário de ACOTAR, por exemplo, achei que esta história me proporcionou uma construção mais interessante do mundo mágico das fadas e dos seres de folclore tradicional. E, o vislumbre das complicações emocionais, quer no amor entre membros da mesma família, entre amigos, ou entre parceiros românticos, são uma miríade complexa que reflecte a volatilidade dos seres daquele mundo, e a composição natural dos relacionamentos entre pessoas.
Em comparação, ocorre-me The Iron Fey Series de Julie Kagawa, em que encontrei bons momentos e habilidade na construção da história.
A reviravolta final em “The Cruel Prince“… não estava à espera. Talvez porque em audiobook tive mais dificuldade em seguir o caos da grande cena (é! Isto acontece-me. Reler, enquanto estou a ler, ajuda-me com isto, o que em audiobook é mais difícil de fazer).
Não antecipei o que a autora fez aqui. Foi giro. Gostei e fez-me saltar a correr para o livro seguinte, só para ver o que vinha a seguir.
Em jeito de conclusão…
Gostam de lendas irlandesas? De folclore mágico? Dos Fey e dos Reinos das Fadas? Gostam da visão moderna do tema? Esta história faz jus à qualidade inicial e acrescenta-lhe valor.
Pelo menos, não pude esperar para começar a ler o segundo livro, The Wicked King, o que já é dizer algo sobre o assunto.